segunda-feira, 2 de outubro de 2017

SOCIEDADE BRASILEIRA. ESTADO E PARTICIPAÇÃO

A sociedade brasileira é aquela que sabe que é uma sociedade, quando deveria ser uma sociedade que sabe que sabe que é. Uma comparação entre o Homo Sapien e o Homo Sapiens Sapiens. Não basta saber, mas é preciso que tenha consciência de que sabe, ou seja, Sabe que sabe.
Essa situação tem um fundamento. A nossa origem colonial. O colonialismo circula em nossas veias e, em parte esta herança histórica nos deixa como animal satisfeito que dorme. Mas não podemos ou poderíamos superar esta situação? Temos um exemplo com os Norte Americanos. Lá, desde o inicio, a elite já se impôs e decidiu que trilharia seus próprios caminhos no plano político e econômico e quando a Inglaterra decide mudar as regras houve reação. Claro que estou desconsiderando o massacre dos outros modos de vida como dos indígenas e dos colonos do Sul que foram destruídos sem dó nem piedade em nome do imperialismo Ianque que deveria prevalecer.
É por aqui? Bem, nossa elite política e econômica é preguiçosa, tanto é que os populares tiveram que fazer vários levantes como as revoltas lideradas pelo frei Caneca, os Malês, Os quilombos que pipocaram no Brasil, as inúmeras resistências indígenas enfim foram as camadas populares, o povão e  suas lideranças que fizeram a nossa elite levantar a bunda da cadeira e começar a negociar a independência. Ela veio, mas com ela um perigo. Ou a elite assumia a gerência, ou ficaria a mercê destes grupos populares. Assim, subserviente  e preguiçosa nossa elite mesmo com a independência manteve a estrutura estatal anterior à independência, marcada pelo centralismo, a não transparência e a promiscuidade do público com o privado.
Assim, a política teria que ficar nas mãos desta mesma elite. No primeiro momento toda decisão política ficou centralizada e acreditamos  que isso permaneceu até a proclamação da republica, em 1889, quando de forma programada e excludente o povo foi elijado e a proclamação da república acontece, sem a participação popular, apenas com o protagonismo do Exercito, escorado na Igreja Católica, na Maçonaria e na oligarquia cafeeira paulista.
Mesmo com a república nada muda no plano político de forma efetiva. Continuamos a reproduzir as estruturas  e vícios administrativos externos, dentre eles a exclusão da população nos destinos da política. Porem isso teria que mudar. Os ventos da modernidade do século XIX já não chegavam como uma brisa, mas sim como uma tempestade ou uma ventania. Assumimos o canto da sereia da tal “democracia representativa”. Agora tenho representantes. Eles são eleitos de forma direta, logo a mídia e os discursos são no sentido de dizer que o fato de votar nos faz a maior democracia do planeta. Acreditamos.
Pois bem, como temos uma estrutura de Estado e de Gestão que sempre vem de fora, pois o de fora é mais elegante e correto, nos aquietamos mais uma vez, dormimos como animais satisfeitos, afinal temos democracia, votamos de forma direta mas esquecemos que Estado e Poder econômico caminham juntos.
Nossa tradição permite em alguns casos que os mesmos se imiscuem de tal forma que um atribui ao outro as funções de executar serviços em nome de outrem e com regras pouco claras e inteligíveis para a maioria da população que, providencialmente continua tendo um sistema educacional com limitações operacionais ( que vão desde a horrível estrutura física das escolas até a baixíssima remuneração de seus educadores) e mais recentemente com um elemento a mais, o tal currículo mínimo ( apenas Português, Matemática e Inglês para o Ensino médio – Política de currículo mínimo!). Esta combinação de colonialismo predatório, imobilismo de uma elite que só pensa em seu umbigo e uma população excluída de um sistema educacional amplo, eficiente e critico, nos deixa a mercê mais uma vez .
A Educação Fiscal é sem sombra de duvida uma oportunidade de desvelarmos e desmistificar o âmago do estado em sua estrutura principal a arrecadação. Se nossos educando tiverem acesso desde cedo a este mecanismo podemos ter certeza que com eles cresce a idéia de controle e boa gestão do que é publico e em menos de vinte anos teremos uma geração que irá corroer esta estrutura colonialista e adormecida e instituir um Estado mais democrático e cidadão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui este texto....