segunda-feira, 25 de setembro de 2017

JUVENTUDE, UM CONCEITO POLISSÊMICO


Uma breve reflexão a partir do Texto "Gramáticas Juvenis" escrito pelo Prof. Ir. Gillianno José Mazzetto de Castro


O conceito de juventude é histórico e social. Acompanha a evolução da sociedade. As tentativas de  esculpir um conceito de juventude estribado em critérios únicos, como a faixa etária, idade psicológica ou mesmo níveis de amadurecimento do indivíduo, é reduzir ao extremo, uma fase da vida humana que, não obstante as controvérsias em torno de sua definição e delimitação (se é que isso seja possível!) torna se crucial e definidora do cidadão adulto que se terá pela frente, constatação esta defendida por muitos  autores como Erikson (1087), onde o mesmo afirma que o período da adolescência e juventude possui como tarefa central a definição de si mesmo em vista da vida adulta.
Tentar entender a juventude portanto, requer um caminhar pela História moderna que se inicia no século XIX  até chegar a pós-Modernidade, no limiar do século XXI. A juventude que ora nos desafia com seu jeito de ser, pensar e agir é fruto da modernidade e de todas as fases sociais, políticas e econômicas que a modernidade perpassou nestes últimos duzentos anos. A juventude não é fruto isolado de grandes fatos históricos desse período,  como a poderíamos citar a revolução industrial,  mas sim uma conjugação de fatos concatenados historicamente e que nos dá condições de afirmar que a construção da juventude de hoje é um processo Histórico que se iniciou com a revolução industrial mas que está em constante mutação e adequação, sendo imprevisível seu fim ou seu limite.
Isto posto,  mencionamos que as seguidas fases da Revolução Industrial nos países desenvolvidos, o êxodo rural e a industrialização tardia em países subdesenvolvidos da America, África a Ásia, somado ao êxodo rural, elevou a necessidade de uma escolarização, para a classe média inicialmente e depois para as camadas populares. Se por um lado, os ideias iluministas lutaram por escola para a juventude da classe media, as idéias socialistas e comunistas colocaram a escola para as camadas populares. Claro que para este ultimo campo a escolarização foi pensada numa perspectiva de libertação da opressão capitalista. Porem a institucionalização das escolas modernas pelo aparelho estatal em muitos países passou a conviver com as escolas religiosas, ainda sob o império da Igreja. Assim Estado e Igreja, na sociedade moderna assumem a escola e a contra-senso acabaram por colaborar, de certa forma com a criação do exercito de reserva.
A partir do final do século XIX e início do século XX, os jovens desde cedo começavam a trabalhar, agora passavam mais tempo na escola, por conta das exigências da indústria com relação à necessidade da mão de obra cada vez mais qualificada isso acaba reduzindo a convivência familiar. As crianças passaram a se afastar dos ambientes domésticos e do modelo de empresa mercantil familiar, para freqüentar as escolas formais (Castro:07). Assim, cria se mais uma etapa para o amadurecimento da criança, a juvento, momento em que este está se preparando para a entrada no mundo dos adultos.
Neste momento torna se elucidativo o pensamento particular de Erik Erikson que enfatiza nesta última fase da adolescência, juventude no âmbito psíquico, ocorrem mudanças na estrutura da consciência e da memória que deixa de somente  armazenar e repetir ser mais seletiva e crítica. Também começa a se preocupar mais  com  valores, sonhos e aos projetos. No âmbito Social há a formação dos grupos/ tribos.
Pensadores e pensadoras como Judith Semon Dubas, Kristelle Millerc e Anne C. Petersend, trabalham a idéia de que a adolescência seja considerado um período de transição entre a vida infantil e a vida adulta e que, com o passar do tempo, foi ganhando importância e se tornou uma etapa importante do desenvolvimento humano. Por sua vez Lewin (1965), afirma ser esse período  marcado fundamentalmente por uma ambigüidade, o  que dificulta a percepção por parte do jovem com relação àquilo que se espera dele e também quanto ao mundo adulto.  Já o grupo liderado por Kenneth Keniston e Willian G. Perry e Alan Waterman encaram a juventude como a última fase da adolescência, é caracterizada por um esforço de fazer com que o Eu no processo de consolidação da identidade e a sociedade se tornem algo mais congruentes, e conforme o jovem vai amadurecendo no processo de afirmação da sua identidade e de harmonização dele com a sociedade na qual está inserido, ele começa a ficar mais seletivo e a desenvolver o senso crítico passando da fase do dualismo para a fase do relativismo.
Não podemos olvidar que trata se a juventude de um período importante do desenvolvimento do individuo mas que não cabe em definições ou periodizações únicas. Se deseja entender o jovem e a juventude mister se faz que tenha em mente o processo histórico que media toda esta construção em torno do ser jovem e do fenômeno ou fase da vida denominado de juventude, é por assim dizer sabe e ter consciência que trata se de um fenômeno histórico e social complexo e que sua definição encerra uma visão polissêmica ou seja que é passível de diversas interpretações e diversos olhares.

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