segunda-feira, 3 de agosto de 2020

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM TEMPOS DE DESMONTES TEMEROSOS E INSANIDADES BOLSONARIANAS

A educação, sempre foi e continua a ser um espaço de disputas na modernidade. Depois que Marx e Engels desvendou as nuances do capitalismo e da modernidade , em especial a uta de classes a educação passou a ser alvo de disputa entre as camadas proletárias e os capitalistas. Claro que a ideia de ter uma educação que atendesse o mercado de trabalho encantou, de inicio, burgueses e proletários. As lições sobre a mais valia e a superexploração nos primeiros anos da revolução industrial colocam em xeque e a classe trabalhadora percebe a engrenagem sofisticada de moer gente das fabricas. 

A criação dos IFS ( Institutos Federais de Educação), criados durante o governo Lula pela lei 11.892/08, após uma longa experiencia de debates sobre a educação brasileira , em especial a profissionalizante, bem como as mudanças advindas com o processo de globalização se fazia necessário educar para a vida, ou como muitos dizem, educar o aluno para uma visão critica do processo social e produtivo ao mesmo tempo municiá-lo para aprender ao longo da vida. Esse aprender ao longo da vida só se consegue se desenvolvemos o processo critico e contextualizado. 

Portanto a formação técnica herdada do regime militar, de decoreba e memorização, não daria conta do novo jovem e adulto do pós década de 1990 , haja visto a rapidez com que as estruturas da realidade informacional trazia em especial no mercado de trabalho, onde tudo é fluído e muda constantemente. Os Ifs, surgem num contexto onde se preconiza a “(...)conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as práticas pedagógicas(…)” . Os conhecimentos técnicos são os vários saberes. E os tectonológicos são os instrumentos e novas plataformas. Tudo isso só é possível mediante uma abordagem critica e contextualizada da aprendizagem. Extrapolar os muros da escola, ir a campo. Participar de forma cidadã na vida politica e nas discussões emergentes no memento histórico … terão que ser praticas educativas dos Institutos Federais de Educação, pois de outra forma, serão simples transmissores de conhecimentos e não de conhecimentos e saberes. Uma nova proposta envolve novos desafios. O primeiro é estabelecer um liame com uma nova perspectiva para o mover da vida humana, isso porque após 1990 nos brinda com um cenário de crises, ao mesmo tempo em que a politica neoliberal, torna se hegemônica, primeiro nos EUA, Inglaterra e no Chile do ditador Augusto Pinochet. Temos agora um mundo marcado pelo individualismo. Competitividade. Submissão às normas dos organismos financeiros. Sucateamento da produção. Privatização de setores mais rentáveis da economia. 

No caso especifico da educação, fica visível a tentativa de estabelecer uma submissão das demandas cientificas e do conhecimento á logica da contenção de gastos. Treinamentos aligeirados, e o pior isso querido e desejado pelas organizações patronais representadas pelos sistema “S” e outros setores da sociedade brasileira em especial o setor do agronegócio. Tal pressão irá impactar na organização dos Institutos Federais de educação que, passaram por uma precarização e estagnação das carreiras e a inserção de profissionais terceirizados em alguns setores. No âmbito da sociedade continuava a dramática separação entre formação profissional e formação geral e humana do indivíduo. 
Aluno do IF participando de passeatas ? 
Absurdo! 
Essa visão tornou se mais evidente após 2010, com a alastramento das redes sociais e de grupos de extrema direita como o Escola Sem Partido. Ao mesmo tempo a luta é para garantia de ampliação do acesso, permanência e elevar a qualidade do ensino ofertado. Portando os Institutos Federais deveriam ser parte de uma politica publica que se conecta com outros setores e ministérios da estrutura estatal e de governo. No plano interno os Institutos Federais terão que lidar com estruturas e um corpo de funcionários, dentre eles professores afeitos e amantes do tradicional ensino técnico. 

Interessante que muitos desses profissionais foram ameaçados de demissão ou com a proposta de aposentadoria voluntaria após o governo FHC que proibiu, por lei a criação de novas escolas técnicas em âmbito federal, mesmo assim, defendiam o modelo anterior de escola profissionalizante. Assim o desafio agora também passou a ser urgente pois somente a incorporação dos ensinamentos gerados na relação dialética com a sociedade, a inclusão da pesquisa científica e o estabelecimento de bases humanistas na formação dos indivíduos poderiam trazer novas concepções e praticas no chão dos |Institutos Federais de Educação. 

Uma concepção organizacional e pedagógica caracterizam pela matriz marxista da indissociabilidade entre os compromissos de ordem prática e a compreensão teórica, com uma tendencia a respeitar o papel estratégico no desenvolvimento dos arranjos produtivos e culturais locais. Uma educação profissional portanto não engessada no tecnicismo e o decoreba de técnicas e procedimentos uma vez que o mundo atual é fluído. É touch screen , deixou de ser analógico. Essa fluidez exige uma dinâmica no agir e no pensar das pessoas. O que é agora não será no dia seguinte. O que está na tela agora passou e uma nova janela se abre. Portanto o “decoreba” e as técnicas apuradas não dão conta desse undo fluido e informacional. A nova proposta de educação Profissional deve ser sim, dinâmica. Plural. Inclusiva e sobretudo, estar socialmente referenciada. Estribada em metodologias que priorizam o protagonismo juvenil e as relações democráticas.

Ensino Médio Integrado: concepções e contradições - RESUMO

  

O Ensino Médio, que no Brasil é a última etapa da Educação Básica, vem a décadas sendo marcado por precarizações e insucessos. Poucos acabam concluindo os estudos,e desses poucos que concluem acabam enfrentando um ensino dual onde há uma escola de qualidade para uma minoria e uma com, ou sem nenhuma qualidade para a maioria da população, em especial os filhos das classes trabalhadoras. Além disso a dualidade se manifesta na existência de estabelecimentos públicos e privados e o eterno dilema entre formação para o trabalho e para a cidadania. Assim, indaga se. A quem interessa essas situações descritas? A proposta do Ensino Médio Integrado á Formação Profissional, introduzida após o decreto 5154/04 é apresentado como uma possibilidade de ofertar uma educação integral, contemplando a formação do ser humano como um todo, preparando o para o mundo do trabalho e a cidadania. É nesse diapasão que as videoaulas presenta o Ensino Médio Integrado, sua formulação, enquanto politica pública, as concepções e os desafios para fazer a proposta se assentar no chão das escolas e no dia a dia da comunidade escolar e de toda a sociedade, uma vez que fica evidente, conforme estudiosos da realidade brasileira que a as marcas do processo de estrutura capitalista pautado na colonização de exploração, criou uma estrutura de desigualdades. Manutenção de poder e privilegio da classe dominante. Alguns autores foram chamados nas videoaulas para que possamos entender a a sociedade brasileira e suas contradições, principalmente na educação para o trabalho e para a vivencia da cidadania. No caso, Caio Prado Jr pontua que na construção do Brasil tivemos uma colonização intelectual, onde a elite intelectual é subjugada pelo domínio do capital econômico internacional promovendo um desequilíbrio de forças entre capital e trabalho, o que na visão de outro intelectual, o Celso Furtado, o modelo de capitalismo do Brasil é modernizador e dependente,completado por Florestan Fernandes ATIVIDADE AVALIATVA 3 NEAD – Núcleo de Educação a Distância que estabelece uma critica ao á sociedade brasileira, que, se mantém conciliando frações da classe dominante, resultado numa dualidade arcaica e moderna ao mesmo tempo. Por fim Francisco de Oliveira arremata afirmando que no Brasil a nossa classe dominante se mantém graças as desigualdades educacionais, o ensino com uma estrutura dual e o saber como um privilégio e não como direito. Portanto, a construção do Decreto 5154/2004 está envolto em dois pressupostos: 1 – Compreender o Ensino Médio como educação básica, numa concepção unitária e politécnica, onde o caráter Unitária significa que deve superar a fragmentação do trabalho manual do trabalho intelectual enquanto a educação politécnica é propor se a formar o ser humano como um todo intelectual, psicológico, cientifico e cultural. 2 Perceber a educação básica de nível médio como um direito universal, e que visa formar um trabalhador e um ser humano capaz de lutar por sua emancipação. Pensar o Ensino Médio é também refletir sobre as mudanças no mundo do trabalho, em especial as mudanças após 1970 que até hoje se desenvolvem sob o mano do neoliberalismo, onde há a negação do Estado na formulação de Politicas publicas e por consequência de direitos. O individualismo e a manutenção do desemprego estrutural como sendo uma realidade, assim a formação. Qualificação e inserção no mercado de trabalho cabe ao indivíduo, que o faz por sua conta e risco. Assim o Ensino passou a a ser a chamada Pedagogia das COMPETÊNCIAS, onde a definição é dada pelos seus objetivos e validada pelas competências que produz. Minimizando os saberes disciplinares e potencializando ensino definido pela produção de competências verificáveis em situações e tarefas especificas e que visa a essa produção de bens materiais ou de serviços. Diante desse cenário aparece três desafios: 1 – desconstruir essa ideologia; 2 – mudar o interior da organização escolar; 3 – envolver a sociedade civil no projeto de mudança. Chiavatta, por sua vez nos diz que “as leis são elaboradas como novos discursos e que devem impulsionar a sociedade para determinadas direções”, assim ela analisa o Dec. 5144/04 em seu comando afirma que “ articulação entre educação profissional e tecnica de nível médio dar se á de forma integrada”. A autora esclarece que integrar é tornar a educação geral como parte inseparável da educação profissional em todos os campos onde se dá a preparação para o trabalho. Porem, isso não acontece num passe de mágica ou de forma natural. A autora propõe alguns pressupostos para que essa educação integrada ATIVIDADE AVALIATVA 3 NEAD – Núcleo de Educação a Distância ocorra: 1 – Existência de um projeto de sociedade que supere o dualismo de classe e rompa com a redução da formação á simples preparação para o trabalho; 2 – manter, na lei, a articulação entre o ensino médio de formação geral e a educação profissional; 3 – a adesão de gestores e professores responsáveis pela formação geral e pela formação específica; 4 – a articulação da instituição com os alunos e familiares; 5 – O exercício da formação integrada é uma experiencia de democracia participativa; 6 – resgate da escola como um lugar de memória e para finalizar, 7 – garantia de investimento na educação. Por fim, o desafio de colocar em pratica um ensino médio integrado com o profissionalizante perpassa a preocupação com um currículo igualmente integrado e o cerne do problema consiste em superar o conflito histórico de formar para a cidadania e formar para o trabalho produtivo. Para isso Marise Ramos apresenta alguns pressupostos que passamos a transcrever aqui: 1 – reconhecer o sujeito como ser histórico-social concreto, capaz de transformar a realidade em que vive; 2 – compreender a formação humana como síntese da formação básica e formação para o trabalho; 3 - Compreender o trabalho como um principio educativo; 4 – encampar uma epistemologia que considere a unidade de conhecimentos gerias e específicos e metodologia que permita o reconhecimento das especificidades desses saberes. 5 – Uma pedagogia que vise a construção conjunta de conhecimentos gerais e específicos; 6 – Centralidade do ensino de diferentes técnicas tendo como eixos TRABALHO – CIÊNCIA – CULTURA. Apos esse passeio pelos desafios, concepções e contradições do Ensino Médio Integrado convém finalizarmos com algumas considerações, pois mesmo sendo uma proposta inovadora e inédita está ameaçada. Primeiro pela PEC do teto dos gastos que terá uma repercussão por vinte anos. Alterações nas leis trabalhistas e previdenciária afetando em cheio o corpo docente e técnico dos Institutos Federais. A reforma do Ensino Médio que praticamente extingue o Ensino Médio integrado pois cria o itinerário formativo profissionalizante e por fim os cortes de gastos e a ausência de conselhos e espaços e fóruns de discussão de politicas publicas no MEC de Bolsonaro e de Waintraub. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria; RAMOS, Marise. Ensino Médio Integrado: concepções e contradições. São Paulo: Cortez, 2005. 

GONZALEZ, Jefferson. Ensino Médio Integrado: concepção e contradições (videoaula)