A Hora Atividade ou Hora de Trabalho Pedagógico é o período reservado dentro da carga horária do professor para que o mesmo prepare suas aulas e desenvolva seus trabalhos de e pesquisa com vistas ao aprimoramento e praticas em sala de aula. A mesma deverá ser de cunho pessoal mas com base coletiva e sempre com vistas á melhoria do processo de ensino a aprendizagem e como parte da Carga Horária deve ser igualmente remunerada. Não poderá ser assim, usada como espaço para reforço com aluno. Parte das gestões coloca este momento como para plantão e reforço, entendemos que não é a finalidade da Hora Atividade pois está foi concebida como um momento do professor refletir e trabalhar sua práxis, o atendimento a alunos em reforço deverá portanto acontecer dentro de uma proposta coletiva contemplada inclusive na proposta pedagógica da escola com anuência do coletivo.
terça-feira, 8 de maio de 2018
UMA REFLEXÃO SOBRE A EFETIVIDADE DO DIREITO Á EDUCAÇÃO EM CONTEXTO DE GOLPE CONTRA OS DIREITOS SOCIAIS NO BRASIL
A Constituição Federal de 1988 estabelece níveis de colaboração entre os entes federados e unindo estas estratégias, tem um fio condutor o PNE – Plano Nacional de Educação, de duração plurianual visando à articulação e ao desenvolvimento do Ensino em seus diversos níveis e à integração do poder publico que conduzam à melhoria da qualidade do ensino.
Há um longo caminho a ser percorrido para que se implemente, na pratica todos os ditames da carta magna! Primeiro, o pacto federativo tem que ser repactuado, pois na prática o bolo tributário fica em sua maior totalidade com a União que na realidade atende menos a educação básica, enquanto os municípios acabam arcando com a maior clientela ficam com uma pequena parcela dos recursos financeiros. Um dos desafios até hoje é chegar ao O Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi) desenvolvido pela Campanha Nacional pelo Direito á Educação e que tem como objetivo mensurar o financiamento necessário (calculado por estudante) para a melhoria da qualidade da educação no Brasil.
O PNE em si pode ser citado como um avanço da constituinte de 1988, porém, setores conservadores e privatistas tem agido nas ultimas décadas para torná-lo inócuo e sem validade efetiva. Até 2016, haviam investidas, porém setores de luta na educação nacional sempre conseguia conter tais avanços conservadores e privatistas, mas após a ruptura política ocorrida em 2016 as ações e propostas de tais grupos passaram a ser encampadas pelo governo e uma das primeiras ações foi descaracterizar o CNE ( Conselho Nacional de Educação), que inclusive ainda não convocou a Conferencia Nacional para Avaliação do Plano Nacional de Educação que deveria, conforme a Lei acontecer agora em abril de 2018.
Outra investida contra a educação pública nacional é o crescimento, no meio político e em setores da sociedade a ideia de que a educação não precisa de recursos e sim de gestão eficiente, como bem atesta, em recente entrevista do ministro da Educação Sr. Mendoça Filho ao programa Roda Viva da TV Cultura de São Paulo. Tal discurso é um ensejo e prenuncio de uma terceirização dos processos de gestão da educação publica, processo este que já vem avançado em alguns Estados e Municípios da Federação. Nestes , a eficiência de gestão fica em foco e em desprestigio o processo de ensino aprendizagem.
Percebemos uma redução drástica nas perspectivas de avanços em políticas publicas na educação nacional. A PEC que congela os gastos públicos por vinte anos, recentemente aprovada, praticamente mina qualquer perspectiva de novos investimentos e programas nos sentido de avançar na oferta e na qualidade da Educação. Também os processos de terceirização vem avançando a passos largos em setores inteiros da educação nacional como por exemplo, a EJA – Educação de Jovens a Adultos, que quando não está sendo entregue aos setores do SITEMA “S”, acaba sendo alvo de empresas privadas ofertantes de educação na modalidade EAD, comprometendo as metas constantes no PNE refrate ao aumento da Oferta e da qualidade da educação ofertada.
Outro ponto que merece ser destacado são as metas de valorização do magistério. Constitui atualmente, como parte da estratégia, desmontar a carreira do magistério no Brasil. Um exemplo é a figura do "notório saber" introduzido pela Reforma do ensino Médio. Além disso, as formações dos profissionais atreladas á BNCC ( Base Nacional Curricular comum) tende, a longo prazo transformar as universidades e os cursos de licenciatura em cursos de “técnicas pedagógicas”, pois a própria reforma do Ensino Médio estatui que a única base a ser perseguida no território nacional é a BNCC logo, engessa também as matrizes curriculares e propostas pedagógicas das licenciaturas com extensão danos ás pós graduação e Extensão universitária.
Portanto o cenário a nosso ver é desolador. Estamos num cenário de desconstrução da educação como um direito humano e fundamental para verter a educação em uma mercadoria ao sabor e aos desejos do mercado.
sábado, 5 de maio de 2018
VISÃO SISTÊMICA DE DOM BOSCO BOSCO E SEU SISTEMA EDUCATIVO
Para inicio de
conversa vamos falar de João Bosco. Um filho de camponeses pobres do Norte da
Itália do século XIX, período de conflitos no plano político e econômico, em
destaque a revolução industrial que estava iniciando seus passos nas imediações
de Turim, o principal centro urbano da região na época. Os efeitos desta crise
não poderiam ser outro, êxodo rural, desemprego, violência urbana e abandono
principalmente para a juventude que, migrando da zona rural entravam nas
cidades sem perspectivas e acabavam sendo levados ao sistema prisional. Foi
acompanhando os trabalhos do padre Cafasso, um velho sacerdote que Dom, Bosco
se sensibilizou. Teria que achar uma forma de prevenir e evitar que a juventude
acabasse nas masmorras das prisões. Surge assim o sistema preventivo.
O professor Brasdorico[1]
nos informa que o sistema preventivo baseia nos seguintes pilares. Visão
positiva da pessoa humana. Religiosidade integradora e unificadora. Promoção
integral e Metodologia do amor educativo. A promoção integral, conforme o
professor consiste em ver o ser humano como um todo que, do ponto de vista da
pessoa, deve ser ajudada a promover se integralmente, nas dimensões (somática,
psíquica, espiritual); do ponto de vista social é convidado a participar da
transformação da realidade em perspectiva espiritual, é motivado à caridade
evangélica. Somando à promoção integral acrescentamos a religiosidade
integradora e unificadora, que contempla, a partir da religiosidade o ser
humano nas suas diversas dimensões. Assim entendemos que das
características apresentadas pelo
professor, a promoção integral e a religiosidade integradora/unificadora se
complementam e completam.
De posse destes
esclarecimentos precisamos deixar claro que Dom Bosco colocou em sua pratica
educativa e pastoral um sistema, não uma teoria ou um pressuposto de militância política, mas uma sistema com
fundamentos teóricos ( talvez ele mesmo não tenha esta intenção) e prático. Dom
Bosco era muito pé no chão.
Se entendermos sistema como sendo um conjunto de elementos interdependentes
de modo a formar um todo organizado, logo, o Sistema preventivo é uma
combinação lógica de cuidados, estribados numa ação educativa apoiada na RAZÃO,
enquanto processo de compreensão de si e do mundo, a RELIGIÃO, enquanto busca e
descoberta do sentido da vida e por fim, o que pode ser tido como o termo
gaurda-chuva, AMOREVOLEZZA, que abriga embaixo de si as virtudes relacionais ,
atitudes e comportamentos entre as pessoas, que se revelam em palavras, gestos,
ajudas, dons, sentimentos de amor, de graça e de cordial disponibilidade.
Pensar numa proposta educativa nestes
moldes, em pleno século XIX não era tarefa para alguém que tem um visão
puramente linear do processo educativo. Ainda mais por tratar se de uma época
em que conceitos contemporâneas como inteligências múltiplas e as abordagens
inovadoras da neurociência ainda nem sequer eram ventiladas! Por ai vê se o
brilhantismo da mente de Dom Bosco.
Dom Bosco tem uma visão do todo na sua
maneira de educar e ver a realidade. Esta visão do todo, que Dom Bosco vivencia
no próprio contato com a natureza, com as artes, com a imagem de Deus, com o
processo educativo interativo, oferece um ponto de diálogo fundamental com a
visão sistêmica da realidade aprofundada por várias abordagens....
(MENDES.2017:94)
Percebe se que para Dom Bosco as partes se
unem para formar o todo, assim é a realidade humana. Portanto o processo
educativo não poderá estar deslocado desta realidade sistêmica.
A proposta educativa apresentada por Dom
Bosco, por ser estribada numa visão sistêmica alem de promover integralmente a
pessoa humana com o fito de formar bons cristãos e honestos cidadãos,
proporciona aos educandos e educandas a possibilidade de se descobrir, de se potencializar e se
valorizar prevenindo de todo desvio nocivo á sua personalidade e ao corpo
social, pois assim, o educando adquire maturidade e segurança mediante uma
pratica educativa pautada no afeto, correção e compreensão. Assim conforme
Gildásio Mendes ... a visão do todo
reintegra a pessoa no ambiente, na sua terra, na sua cultura, na sua realidade,
nas relações com a natureza, vendo se como uma extensão do ser humano e não
como uma realidade em partes, separada.[2]. Há neste caso uma
reinserção do educando de forma consciente e proativa, ou seja alguém
protagonista de suas ações no tempo e no espaço.
A visão sistema de Dom Bosco nos legou uma
proposta educativa capaz de vencer uma das consequências do racionalismo instrumental,
que é a fragmentação das pessoas, sociedades, e concepções de mundo, este
efeito mais nocivo e que atualmente vem trazendo consequências desastrosas no
campo das relações internacionais, nas relações do homem com o seu semelhante,
com a natureza e com a sua própria cultura, gerando racismos, intolerância política
e religiosa, neonazismos e neofascismos, xenofobia e tantos outros males que
vemos assolar a sociedade contemporânea. Uma educação pautada no reencontro do
homem consigo mesmo, com deus e com a natureza será capaz de criar novas possibilidades
de entender e viver no mundo
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