quarta-feira, 8 de junho de 2011

Concepção de Educação Inclusiva

Historicamente temos que a escola é o espaço de transmissão de conhecimento. O aluno recebe as instruções e as processa dentro de concepções pré-estabelecidas. A escola é o filtro que irá separar os aptos dos não aptos, os melhores dos piores. Escola boa reprova, não dá moleza para o aluno e o sucesso ou fracasso só depende do aluno. “quem faz a escola é o aluno”. Prepara o aluno para o futuro!
Por outro lado temos que a escola é o espaço de construção do conhecimento, mediado por profissionais da educação. O aluno participa de seu aprendizado. È o sujeito de toda ação educativa. O sucesso ou fracasso é compartilhado por todos, professores, funcionários, alunos, pais e a sociedade em geral, todos tem participação no processo de ensino-aprendizagem. Cada um tem seu tempo de aprendizado e a escola sabe detectar e trabalhar com esta diversidade de saberes preparando o aluno para a vida. Neste sentido julgamos oportuno ressoar Vera Maria Candau que afirma que “(...) não se deve opor igualdade à diferença. De fato, a igualdade não está oposta à diferença e sim, à desigualdade. Diferença não se opõe à igualdade e sim à padronização, à produção em série, a tudo o “mesmo”, à “mesmice”. (Candau 2000:400). Combate se a padronização, ou seja as práticas pedagógicas que teimam em colocar todos numa vala comum estipulando conteúdos, habilidades e competências a todo um grupo de alunos sem considerar as múltiplas capacidade de apreensão, compreensão e construção.
A escola inclusiva quebra paradigmas do que se espera tradicionalmente de escola. Esta concepção de escola age ao arrepio de toda uma construção histórica de exclusão. Tal escola desafiadora é hoje denominada de escola inclusiva, ou seja, aquela que conhece cada aluno e respeita suas potencialidades e necessidades, e a elas responde, com qualidade pedagógica.
Num rápido passeio pela bibliografia temos que “inclusão é a palavra que hoje pretende definir igualdade, fraternidade, direitos humanos ou democracia conceitos que amamos, mas que não sabemos ou não queremos por em prática” (Sanches e Teodoro 2007:106). Resistência ás mudanças faz parte do proceder humano. Um aluno especial em minha sala vai atrasar a turma, as outras crianças irão tratá-la de forma diferente, será alvo de gozações e brincadeiras maldosas. O que dirão os pais das outras crianças? Enfim um aluno especial em uma sala gera desconfiança e insegurança. Assim nunca é tarde recorrermos aos velhos PCNs onde menciona que “(...) reconhecer a diversidade e buscar formas de acolhimento requer, por parte da equipe escolar, disponibilidade, informações, discussões, reflexões e algumas vezes ajudas externas”. (PCNEF 2001: 42).
Parece que mais uma vez entra em cena a gestão escolar. Não se concebe uma escola inclusiva dentro de um modelo hierarquizado e autoritário de gestão, uma vez que o diálogo, a intersetorialidade com outros segmentos da administração e até outros profissionais como da área da saúde são pontos chaves para vencer estes desafios da integração e acolhimento do aluno especial nas salas regulares.
Por fim o próprio MEC afirma que “Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso e parceria com as comunidades”. (BRASIL, 1997p. 5) e no mesmo sentido temos Thais Tezani afirmando que a educação inclusiva “fundamenta-se na concepção de educação de qualidade para todos, respeitando a diversidade dos alunos e realizando o atendimento às suas necessidades educativas. Isso implica adaptações diante das diferenças e das necessidades individuais de aprendizagem de cada aluno.” (TEZANI 2004:1)
Uma escola inclusiva tende a valorizar o ser humano em todos os seus aspectos, em toda sua complexidade e especificidade disso resulta numa prática pedagógica que contemple o ser humano criança, pré-adolescente, adolescente, jovem e adulto, portador ou não de necessidades educativas especiais capazes de levá-lo a enfrentar os desafios da contemporaneidade, com todas as suas contradições, oportunidades e exigências. Ou seja, “a possibilidade de apreensão do conhecimento historicamente produzido pela humanidade e de sua utilização no exercício efetivo da cidadania”. (ARANHA 2004:7)