domingo, 7 de dezembro de 2008

EDUCAÇÃO no BRASIL: Saltos ou Assaltos?


Bem este texto foi extraido de um dos meus blogs favorito, o caviar com pingadinho, postei o mesmo aqui pois foi escrito por um educador o qual admiro muito, o Reinaldo Marquesi, bem depois eu resolvo com ele possivveis pendengas de direitos autorais.....


Educação no Brasil: Saltos ou Assaltos?


A Grandeza Política de uma Nação não se mede pelo tamanho de seus prédios, pelo tanto que se planta ou pelo lucro de sua indústria. Mas, no quanto e como valoriza a educação de seu povo.

Para além de prédios, plantas e máquinas, é preciso educação. Educação com prazer no ensinar e no aprender; com remuneração digna aos professores; com políticas assistenciais que garantam o ingresso e a permanência dos filhos da pobreza nas escolas e universidades desse país; com acesso à cultura, inserção no esporte e no eficiente trato com a saúde.

Como está a Educação: Crescendo ou em crise de crescimento?

A educação é sustentada por uma pequena fatia da soma de todas as riquezas produzidas no país, menos de 4% do PIB (Produto Interno Bruto). Como se isso fosse o bastante, dos 18% dos recursos recolhidos de impostos e contribuições que o Governo Federal deveria obrigatoriamente destinar à educação, criou-se uma medida pela qual autoriza o “governo” utilizar até 20% desse montante para, por exemplo, pagar juros de dívida - através da Desvinculação de Receitas da União, conhecida como DRU. Assim, fica desobrigado a realizar os investimentos definidos como obrigatórios pela Constituição. Nos últimos 12 anos, mais de R$ 70 bilhões de reais já deixaram de ser investidos na área da educação por conta do mecanismo da DRU - Análise da Universidade de São Paulo (USP) contida no estudo Custo Aluno-Qualidade, desenvolvida em 2007, pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

Dos interessados

No Congresso Nacional e no Senado existe a pouco divulgada, “Bancada da Educação”, que a cada eleição se renova de políticos que obtiveram suas campanhas financiadas por alguns grandes empresários da educação, também chamados “tubarões da educação”. Nas últimas eleições, diversos desses favorecidos foram eleitos e hoje ocupam comissões parlamentares especificamente ligadas à educação. Porque será? Para lutarem por uma educação pública, gratuita e de qualidade? Ou para abrirem um mar de oportunidades a outros “carnívorazes” interessados?

Das conseqüências

Do péssimo investimento público na educação, ocasiona sua desenfreada mercantilização, sua metamorfose num produto altamente vendável. Assim, é crescente o número de estabelecimentos educacionais do setor privado a ocupar todos os nichos de mercado do território nacional, oferecendo “qualidade e segurança”, algo que em outras palavras, reafirmam aquilo que o estado deixa a desejar.

Dos contrapontos

Uma educação de qualidade não significaria a eliminação total dos larápios, picaretas e corruptos desse país, longe desse discurso salvacionista e libertador. Entretanto, ela há de conceder melhores perspectivas de vida ao indivíduo, que mesmo em meio à sua carência material não sujeitaria, por exemplo, trocar seu voto por concessão de cesta básica. Com educação de verdade, bem sabe quem governa economicamente que as eleições serão disputadas mais no campo do ideal, invés do material. Assim, muitos perderiam a posição comprada que atualmente ocupam.

Nas escolas: Quando há vagas: geralmente, falta qualidade e gera evasão. Quando há qualidade: faltam vagas, pois as melhores são disputadíssimas. Ao “pé da letra”, no ensino público ainda se nega quase tudo: acesso, permanência e qualidade.

Somente quando forem oferecidas melhores condições de vida, via educação, é que se evitará a superlotação do cárcere e das filas de espera dos corredores hospitalares, verdadeiros “depósitos de carne humana”. Se a prioridade desse país fosse investir na educação não necessitaríamos de tantas celas e leitos.

Investir na Educação é investir na saúde e segurança pública, pois reduz gastos!

As filas hospitalares estão cada vez maiores, prolongadas por desinformados, vítimas da política informativa instrucional falha do poder público, que poderia prevenir a maioria dos casos. Gastar com a saúde beneficia mais o povo ou as vendas da indústria farmacêutica? Esse é o morbinegócio (negócio das doenças) que rende fortunas a indústria dos remédios, que obtém os lucros mais acentuados naqueles países possuidores dos menores índices educacionais, logo com mais problemas de saúde pública.

A população carcerária é composta de sujeitos em sua maioria pouco ou nada escolarizados, desempregados. Entretanto, antes de condená-los culpados, antes de taxarmos alguém como bandido, seria interessante sabermos quem/como e o que fez/faz alguém tornar-se um bandido.

Brasil: concentração de terra, renda e oportunidades.

Latifúndios, muitas terras de poucos donos vêm desde sua invasão por Portugal. Dentre os países mais ricos, possuidor de uma das piores distribuições de renda do mundo.

A luta pelo acesso a terra, é a causa dos movimentos de reforma agrária e, a luta pela renda digna, é a causa dos trabalhadores organizados, já a luta pela educação de qualidade, parece ser a causa de poucos. No Brasil, além do latifúndio da renda e da terra, o que também deveria preocupar-nos é o latifúndio da educação, que concentra oportunidades.

Tal como o militante dramaturgo Bertolt Brecht disse, acerca daqueles gerados do “Analfabeto Político”, digo daqueles nascidos do “Sem-educação”: o “Sem-noção”, o “Sem-esperança”, o “Sem-oportunidade” e outros “Sens”. O “Sem-educação” é o sujeito resultado daquilo que lhe negaram: de uma educação que poderia ter ou de uma pseudo-educação oferecida.

Que país é esse?

A nação dos contrastes: entre as maiores economias mundiais e os menores índices de escolaridade do mundo. Recente estudo da Fundação Getúlio Vargas revelou que a diferença no número de anos de escolaridade explica 35% das desigualdades sociais brasileiras. De acordo com o Pisa (Programa para Avaliação Internacional de Estudantes), dos paises avaliados, ele está nos últimos lugares em leitura, matemática e ciências.

Então, o salto do Brasil virá somente através da Educação?

Definitivamente: Não!

Contudo, não basta vislumbrarmos um salto estando em meio a assaltos, se na ação: a manipulação, diminuição ou negação de recursos públicos à educação pública, são políticas mal intencionadas a nação.

Assim, de mãos armadas, esse é o latrocínio político, em roubar as oportunidades do cidadão tornando-o “morto”, em vida.

Escrito por um grande amigo!
Reinaldo S. Marchesi, é graduando em pedagogia e agronomia UNEMAT/ Cáceres (reinaldomarchesi@yahoo.com.br).

Um comentário:

  1. Valeu ai Orlandir
    Obrigado por me prestigiar no espaço de seu blog
    Afinal, você é um educador de extrema respeitabilidade, por sua luta pessoal e profissional na educação.

    Grande abraço
    De seu amigo
    Reinaldo

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