quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

A RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA E O ESTUDO DA GEOGRAFIA

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Prof. Orlandir Cavalcante

O conhecimento geográfico é antigo, porém a ciência Geográfica é recente! Desde o inicio o homem já utilizava conhecimentos que hoje chamamos de geográficos, como a orientação e localização no seu dia a dia. Foi com os gregos, que este conhecimento se organiza e, só no século XIX é que a Geografia surge enquanto ciência. Ao surgir a Ciência Geográfica era parte das ciências da natureza, pois estava atrelada a origem do termo grego Geografia onde, Geo = Terra e Grafia=Estudo, portanto, geografia seria a ciência que estuda a Terra. Mas atualmente, o ESPAÇO GEOGRAFICO é o objeto da Geografia.
Assim, a Geografia é a ciência responsável por compreender o espaço e a relação que ele possui com o ser humano. Estuda o espaço geográfico, ou seja, todo o espaço terrestre produzido pelo homem ou que possui direta ou indireta relação com este.
A geografia é uma ciência humana que procura entender a sociedade a partir do estudo do espaço geográfico. Isso diferencia a geografia das outras ciências sociais como a Historia, Filosofia ou mesmo a Sociologia entre outras. Portanto o geógrafo se utiliza do ponto de visto geográfico para, a partir do espaço geográfico, analisar como os homens produzem e usam o espaço em que vivem. Para isso usa se uma linguagem própria para explicar esse objeto. Essa linguagem é formada pelos conceitos, eles são ferramentas que os cientistas utilizam para trabalhar. São palavras que tem significado especifico como por exemplo, trabalho, técnica, paisagem, lugar, território e tantas outras que no senso comum ou em outras ciências pode ter um sentido, mas que na geografia adquire outros específicos.
 MAS COMO SE DÁ A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO? Bem, nos tópicos a seguir abordaremos isso. Fazer esta pergunta é importante pois, como já falamos, é por meio da analise da produção do espaço que a geografia procura compreender a vida em sociedade. Duas concepções de espaço já passaram pela geografia. A primeira é a de Espaço absoluto = Preocupação com as dimensões apenas do espaço. Há uma desatenção com as mudanças que o homem produz. Esta concepção vigou até a década de 1940 e ela abriu espaço para o que ficou conhecido como Determinismo Geográfico ( Alemão  Friedrich Ratzel 1844 a 1904).  A natureza determina a vida dos homens sobre a superfície terrestre.
Espaço relativo = Esta concepção considera as relações dos objetos no espaço. O espaço só existe como o resultado da relação entre os objetos e os seres vivos e destes entre si. O espaço tem que ser pensado como algo em transformação. Estas transformações só acontecem porque há relações entre os elementos que o formam
A concepção de um espaço geográfico absoluto como já vimos gerou uma corrente na Geografia denominada de determinismo Geográfico, segundo o qual a natureza determinaria a vida dos homens sobre a superfície terrestre. As primeiras formulações deste pensamento foram formuladas pelo alemão Friedrich Ratzel ( 1844-1904), considerado o fundador da geografia moderna. Esta concepção foi muito útil para o imperialismo europeu do século XIX. Interessava descrever as cidades, as populações, as florestas e os rios que eles viam pelo caminho, com seus conhecimentos técnicos, a partilha e a exploração da áfrica e da Ásia ficavam mais fácil. Alem disso o determinismo justificava a intervenção europeia nesses continentes definido a como um esforço de levar o desenvolvimento da civilização até estes povos que diziam ser atrasados.
Alguns fatos como as duas guerras mundiais, a revolução Russa e a crise de 1929 obrigou os estudiosos a entender o espaço de forma mais relativa, ou seja o espaço só existe como resultado da relação entre os objetos e seres vivos que o constituem e nunca sem esses elementos.. Temos que pensar o espaço sempre como algo em transformação. . Essas transformações existem porque há relações entre os elementos que o formam. Apenas considerando o espaço como relativo é que podemos, por meio da geografia explicar os problemas de um mundo tão complexo como o nosso – efeito estufa, conflitos nacionalistas, ou globalização são processos que só podem ocorrer em um mundo em transformação.
Se o espaço é produzido, quem o produz?
O primeiro passo é reconhecer que essa transformação é produzida pelo homem em sociedade. O homem, como parte da natureza, é capaz de agir conscientemente transformando a natureza com intensidade incomparável em relação a outros seres vivos.  Ao agir sobre a natureza com nosso cérebro e nossas mãos estamos efetuando uma atividade muitos especial; O trabalho. O homem por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a natureza. É por meio de suas próprias capacidades naturais que o homem realiza o trabalho. Essas capacidades não são suficientes; os homens precisam aprender a utilizar os instrumentos. O como fazer damos o nome de técnica. As técnicas foram inventadas, aprimoradas e transmitidas. Elas portanto mediam (facilitam) o trabalho!
O trabalho é uma atividade que exige capacidades naturais e capacidades sociais ( as técnicas). Para trabalhar o homem tem que viver em sociedade. Com seu trabalho ele modifica a sua própria natureza. Deixa de viver como os animais para tornar se um ser social!
Bem, percebam que o homem em sociedade constrói o espaço realizando trabalho e mediado pela técnica. Mas do que adianta construir o espaço sem possuir formas de produção para continuar a sobreviver, ou seja, precisamos de alimentos, vestuário, melhorias e mais que isso transmitir e evoluir estas técnicas e conhecimentos... como conseguir isso?
A esta necessidade social de suprir ou abastecer damos o nome de forças produtivas. As forças produtivas compreendem o conjunto de conhecimentos e objetos capazes de garantir a conservação de seus conhecimentos e de seus objetos de trabalho para as próximas gerações. Os indivíduos, portanto precisam reproduzir também as forças produtivas, para que seus filhos possam continuar vivendo em sociedade.
Mas as forças produtivas para serem eficientes necessitam também que existam relações de produção adequadas. São relações de produção a forma como é regulado o trabalho ou a propriedade dos instrumentos para se trabalhar ou ainda a maneira de se distribuir o produto do trabalho.
Mas o que é mesmo o modo de produção? É justamente a soma das forças produtivas ( conhecimentos e instrumentos) mais as relações de produção ( normas que regulam a produção e a distribuição de riqueza em sociedade). Ao longo da Historia tivemos vários modos de produção. Na antiguidade o escravismo, no medievo o feudalismo depois o capitalismo que pode se dizer foi o mais dinâmico, uma vez que passou por fases como a mercantil, industrial e a monopolista ou financeira, nesta ultima o espaço produzido é chamado de MEIO TECNICO CIENTIFICO INFORMACIONAL
Meio técnico-científico-informacional
Atualmente, diz-se que estamos vivenciando não mais um meio puramente mecanizado ou tecnicista, mas um meio também marcado pela maior presença das descobertas científicas e das tecnologias da informação, o meio técnico-científico-informacional. Ele representa, o período que se manifestou a partir dos anos 1970 como consequência da Terceira Revolução Industrial, também conhecida como Revolução Técnico-Científica-Informacional.
O principal marco desse momento é a união entre ciência e técnica pautada sob os auspícios do mercado. Não que já não houvesse uma aproximação entre as produções científicas e as evoluções das técnicas, mas somente agora tal inserção encontra-se em um sentido de complementaridade, de extensão de uma em relação à outra. Nesse ínterim, todo objeto é técnico e informacional ao mesmo tempo, pois carrega em si uma ampla estrutura de informações.
Tal avanço permitiu a consolidação do processo de globalização, mais bem compreendido como uma mundialização da difusão de técnicas e objetos, parâmetro que possui a informação como a principal energia motora de seu funcionamento. Tal fator proporciona alterações não só do espaço geográfico em si, mas da forma como o percebemos e lidamos com ele.
Por fim, e não menos importante, é importante compreender que tais transformações não se manifestam pelo mundo de maneira homogênea, isto é, não se consolidaram em todas as partes do planeta de maneira igualitária. Aliás, o desenvolvimento das diferentes técnicas em um número restrito de localidades permitiu o avanço das desigualdades e a intensificação das relações de dependência política e econômica entre os diferentes espaços.

Fontes:

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