Francisco de Sales viveu entre os anos de 1567 a 1622 num período em que as mentes europeias eram ventiladas pelo pós renascimento e o nascente iluminismo. Sua obra por isso mesmo tratou de estabelecer a relação Home-Deus a partir de um ato de vontade e não de uma revelação divina exterior. Neste processo de caminhar rumo a que ele denomina de vida devota fica evidenciado o protagonismo do ser humano que, guiado pelo orientador espiritual se deixa ser envolvido pelo amor de Deus e atinge a “ponta suprema do espírito”.
A santidade é para todos. Todos os cristãos são chamados á santidade. A santidade é um processo que é feito na vida cotidiana, no dever cumprido, na piedade e na alegria. Tudo isso leva a confiança no ser humano, a uma visão otimista da vida e do mundo. Assim, Francisco entende que o processo educativo constitui se num caminho a ser percorrido com amor, doçura e sobretudo com otimismo.
O primeiro degrau é reconhecer se um amado de Deus. Ou melhor, um amigo de Deus, que segundo Francisco, o “amor de amizade” existe quando as pessoas quê se amam conheçam esta feição recíproca... é necessário que haja alguma comunicação entre as pessoas que se amam, a qual é o fundamento e o sustentáculo da amizade”(SALES,1986 citado por Castro, 2017:55).
O roteiro de orientações para o caminho que levará a pessoa a se enlevar pela graça de Deus parte da vontade. Este é o elemento de foro íntimo, e, externamente, tem se o orientador espiritual.
... além da função essencial [da vontade], há a necessidade de uma formação e motivação ... para que a vontade adquira uma consistência capaz de enfrentar os desafios ..., São Francisco de Sales desenvolve uma verdadeira tessitura de apresentações da necessidade de enriquecer a vontade pela profundidade do amor e entrega da alma a Deus” (CASTRO, 2017:19)
Há, por parte de São Francisco de Sales a frequência das exortações em seus escritos. Há muitas delas em seus textos! Uma constante animação ao ser humano em sua caminhada. Em seu itinerário educativo portanto, formação e motivação caminham juntas pois só assim mantém o fiel aminado ( positividade/otimismo) pois não ignoro as dificuldades do grande trabalho que empreendo e bem desejara que outros mais doutos e santos o tomassem a si; todavia apesar de minha impotência, farei o que possível de minha parte para auxiliar estes corações generosos que aspiram à devoção (SALES,1986 citado por CASTRO,2017: 22)
Porém o coração tem que estar disposto a cultivar as virtudes e dentre elas se destaca a devoção. O caminho para a virtude tem três degraus: A inspiração, que é contrária à tentação. A complacência na inspiração; que é oposta ao deleite da tentação e por fim o consentimento à inspiração (SALES,1986 citado por CASTRO, 2017:54).
Assim o caminho a ser percorrido pelo homem/mulher generoso que se permite a fazer esta jornada educativa rumo ao ponto mais alto da fé ou á ponta suprema de nosso espírito precisa alçar progressivamente os seguintes degraus de evolução:
1 – Não há discurso que ilumine. “O caminhos e faz caminhando”. Não se dissocia obras e práticas devocionais e ritualísticas. Dom Bosco tem uma máxima para isso “Reza e Trabalha”. Fé ativa. Inserida. Atuante.
2 – Nada entra senão pela fé. A fé vivenciada na escuta da palavra e frequência aos sacramentos.
3 – Amar de forma soberana, ou melhor soberanamente a vontade divina.
4 – A alma deseja “unir se infinitamente e submeter se” à vontade divina.
5 – A alma generosa chega á ponta suprema do espírito. Chega a condição de aquiescer á união do espírito com Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente aqui este texto....